Bebê: um adulto em construção
- Cristina Maria Santos
- 29 de nov. de 2016
- 2 min de leitura

Estamos diante de um bombardeio de informações e "regras" do que devemos e o que não devemos oferecer aos nossos bebês. Diante disso, já ouvimos coisas do tipo "colo demais mima a criança", "mamar demais também mima a criança", "pegar o bebê no colo toda vez que chora, isso não pode também, ela tem que aprender a esperar", "o bebê da minha vizinha andou com 8 meses", e por aí vai!
E agora? O que fazer com tanta informação? Primeiro, se colo faz mal, mamar faz mal e acalmar a criança quando chora faz mal, deixá-la aos berros no berço, deixá-la no bebê conforto por horas e não alimentá-la (de leite e amor, ou melhor, de leite com uma pitada de amor), isso é muito pior. A partir do nosso nascimento, passamos por fases, como uma sucessão de ondas, e em cada etapa dessa onda precisamos de "alimentos" diferentes, estímulos diferentes, para então nos desenvolvermos, e isso se repete ao longo de toda nossa vida. Godelieve Denys-Struyf diz: "nossas vidas não são estradas, mas sim um oceano de ondas, que recuam pra avançar, que descem para subir, que mergulham para jorrar."

Segundo André Trindade, em seu livro, maravilhoso por sinal, "Gestos de Cuidado, Gestos de Amor", "o ser humano constrói-se com base nas relações que estabelece com outros seres humanos. O prazer de evoluir e realizar-se depende da possibilidade de estabelecer vínculos de amor e cuidados". O contato físico não só favorece o desenvolvimento psicomotor, como cria um vínculo importante na relação pais-bebê, o que nos dá uma boa estrutura para as relações futuras, até mesmo na nas nossas relações na fase adulta.
E a estimulação precoce? Eu, particularmente, considero esse termo "precoce", bastante complicado, por quê e para quê tem-se a necessidade de antecipar tudo? Me parece que estamos cada vez mais ansiosos por "resultados", e pelo visto estamos estendendo isso até mesmo ao desenvolvimento infantil. Porém, temos que ver tudo isso com muito cuidado. Ainda segundo Trindade, não devemos apressar a criança, nem antecipar seus movimentos futuros, cabendo a nós respeitar a individualidade e as habilidades de cada criança, já que cada uma tem seu ritmo e um tempo próprio para amadurecer.

O bebê precisa se sentir acolhido e seguro, e precisa ter seu desenvolvimento psicomotor respeitado, e a posição de acolhimento, o brincar e a interação social com o meio é que são fatores que irão contribuir para seu crescimento saudável.
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