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O torcicolo congênito na visão das cadeias musculares, articulares e fisiológicas!


Figura 1

"Meu filho tem torcicolo congênito, isso é grave?", "Tem tratamento?", "Por que meu filho tem isso, e como não percebemos mais cedo?", "Eu tentei alongar, fazer massagem, mas ele só chora". São tantos questionamentos que vêm seguido ao diagnóstico do torcicolo congênito, que apesar de um pouco assustador no primeiro momento, seu tratamento normalmente é conservador e de sucesso, na maioria dos casos.

Figura 3

Figura 2

Antes de falar do torcicolo, vamos fazer uma introdução sobre como "funciona" o bebê! Ao nascer, o tônus muscular flexor é maior que o tônus muscular extensor, ou seja, há um predomínio da postura que chamamos "fetal" (figura 2), ou como chamamos no Método GDS, postura AM. Já durante o nascimento, no parto via vaginal, por exemplo, há um aumento do tônus da musculatura extensora para que o bebê passe pelo canal vaginal, numa postura de passagem que chamamos de PM (figura 3). Com o desenvolvimento do bebê, o tônus dessas duas cadeias tende a se equilibrar, dando espaço para o desenvolvimento de outras cadeias musculares, como a PA, o que ocorre normalmente por volta do sétimo mês, e também de outros grupos musculares, conforme as necessidades corporais que a criança vai adquirindo. E quando isso ocorre, a criança desenvolve movimentos de torções e rotações, tornando os movimentos cada vez mais organizados. Mas para que ocorra o equilíbrio entra as cadeias, é importante uma organização e liberdade das estruturas que as envolvem.


Pode-se dizer que o torcicolo congênito acontece por um desequilíbrio, ou desorganização corporal, que pode ter sua origem durante o período gestacional, como estar em posição transversal, ou durante as últimas semanas, em que fica cada vez mais "apertado" o ambiente intra-uterino, que também pode levar a compressões e marcas no crânio; ou ainda desenvolver essa postura durante o nascimento, diante de partos longos, difíceis, instrumentalizados, etc.



Figura 4

A postura assimétrica presente no torcicolo ocorre quando o músculo esternocleidomastoídeo (figura 4) de um dos lados do pescoço do bebê está tenso, o que resulta na inclinação da cabeça para este mesmo lado e a rotação para o lado aposto, ou seja, o bebê inclina a cabeça para um lado, mas seu olhar é voltado para o outro. E em alguns casos, além da assimetria na posição da cabeça, evidencia-se um achatamento numa das regiões do crânio, que chamamos de plagiocefalia.


Diante dessa condição, felizmente, na quase totalidade dos casos, o tratamento é conservador, através da fisioterapia, que utiliza de recursos de terapia manual, posicionamento, algumas estratégias de estimulação, orientações para a família, como o posicionamento no berço, no trocador e na hora da amamentação. O objetivo da fisioterapia é devolver o equilíbrio dessas cadeias musculares, e tem indicação logo que identificado o problema. O não tratamento e a não resolução dessas assimetrias podem interferir na coordenação e movimento livre do bebê, pois se a cabeça apresenta uma limitação para movimentar para um dos lados, haverá repercussão em relação ao movimento dos membros superiores. Além disso, durante o sono, no caso da plagiocefalia, o bebê tenderá a posicionar sua cabeça sobre a área mais plana, mais estável, o que irá reforçar esse achatamento.


O mais importante no tratamento com um bebê, seja por um torcicolo ou qualquer outra situação, é que o corpo dele seja respeitado, bem tratado e que se estabeleça uma relação de confiança e amor ao tocar um bebê, e isso se dá através do toque, olhar e da voz. Dessa forma reorganizamos o corpo, e proporcionamos uma imagem corporal equilibrada, movimentos livres e coordenados.


"A massagem facilita e reforça a evolução proprioceptiva do bebê. Ela proporciona ao bebê uma sensação de unidade global, ao englobar a cabeça, o tronco e os membros. O bebê é "unificado, uno"" (Busquet, 2009).

Figura 6

Referências: Michèle Busquet-Vanderheyd - O bebê em suas mãos; Cadeias Musculares e Articulares - GDS, de Godelieve Denys-Struyf.

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