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Dor de cabeça: a auto-medicação apenas silencia o sintoma!


Você já deve ter sentido dor de cabeça alguma vez na sua vida. Com que frequência, duração, e intensidade? E o mais importante, você sabe o porquê?


Hoje é comum ouvir relatos de pessoas com esse sintoma quase que diariamente, e tão comum quanto a dor, é vê-las em busca de um “remedinho” para alívio, ou então troca de “receitas” caseiras que prometem aliviar ou até curar! Somente com essas descrições, você já deve ter associado a alguma situação vivenciada.


Antes de pensarmos no tratamento para este sintoma, é importante esclarecer que este se trata de uma manifestação, portanto, existe uma causa, e o conhecimento desta irá conduzir a melhor opção de tratamento, seja medicamentoso ou alguma intervenção alternativa. A causa pode ser primária, como as cefaléias tipo tensão, também chamadas de cefaléias tensionais, ou enxaqueca, ou ainda as cefaléias secundárias à traumas, lesões vasculares, infecção, etc. O que se observa com frequência é que após investigação clínica, através de acompanhamento médico e exames complementares, e sem achados clínicos que justifiquem a queixa, comumente as dores estão associados a tensões.


Segundo a Classificação Internacional de Cefaléias (CIC) 2014, as cefaléias tipo tensão podem ser classificadas como episódica pouco frequente, episódica frequente, crônica ou tipo tensão provável. Estas são cefaléias tipicamente bilaterais, em que o paciente refere a dor em toda cabeça, dor tipo pressão ou aperto, não pulsátil, sem piora com atividades físicas de rotina e sem associação à náuseas, mas, pode haver irritabilidade à luz ou ao barulho. A intensidade e a frequência é o que as diferencia, sendo a pouco frequente sentida num período inferior à 12 dias num intervalo de 1 ano, podendo durar de 30 minutos à 7 dias. Enquanto que a frequente se diferencia por aparecer de 12 a 180 dias por ano, podendo coexistir com a enxaqueca, ambas de intensidade média a moderada.


Há ainda a cefaléia crônica, cujo sintoma tem intensidade ligeiro à moderado, e duração superior a 180 dias num ano, podendo ser contínua. A cefaléia “tipo tensão provável” é assim classificada por eliminar outros tipos de cefaléias, mas também não atende aos critérios para a cefaléia tipo tensão. Essas cefaléias podem estar ou não associada a dor pericraniana a palpação, ou seja, apresentar dor ao se fazer pressão nos músculos da cabeça, face ou pescoço.


Além das cefaléias tipo tensão, ainda merecem destaque as que são atribuídas a perturbação de ATM (Articulação Temporomandibular) e cervical. A cefaléia proveniente da cervical se dá por alterações ósseas, como alterações na sua curvatura, alterações nos discos intervertebrais ou ainda musculares, podendo ou não estar associado a dor cervical. Enfim, existem muitas outros tipos de cefaléias, cujo tratamento vai ser de acordo com avaliação médica e diagnóstico inicial, para então tratar ou encaminhar o paciente para outros tipos de intervenções, como fisioterapia, indicado principalmente nas cefaléias descritas acima.


Em resumo, é possível concluir que não existe uma única causa de cefaléia, o que torna o diagnóstico médico difícil. Portanto, seu tratamento pode ter um perfil "investigativo", e as vezes demorado, pois um sintoma pode também estar associado a outra disfunção, como cervical, ATM e até ombro, como tenho visto na prática clínica. Especificamente as cefaléias tipo tensão e as de origem cervical e ATM, bastante comuns em consultórios de fisioterapia, quando avaliadas e identificadas através de palpação, anamnese e correlação com outros sintomas, apresentam boa evolução diante de uma intervenção especializada. Trabalhar as tensões, e associá-las as rotinas de vida e, até mesmo a fatores psico-comportamentais, é necessário para um resultado eficiente e duradouro.


Espero que agora, sabendo um pouco mais sobre a "dor de cabeça", você pense duas vezes antes de se auto-medicar, pois desta forma, você está silenciando um sintoma. Este deve ser avaliado por um profissional que irá lhe orientar e encaminhar ao profissional competente a lhe ajudar de forma mais efetiva e segura.


Em breve: como a fisioterapia pode ajudar nas cefaléias tensionais e também as causadas por perturbações da coluna cervical e distúrbios da ATM.


REFERÊNCIAS: Classificação Internacional de Cefaléias, 3ª edição, 2014. Tradução Portuguesa da International Classification of Headache Disorders – ICHD 3 Beta, 2013.

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